O “Greening” no Brasil segundo o Fundecitrus:
Foram divulgados pelo Renato Bazzanezi e pelo Sílvio Lopes, ambos técnicos do Fundecitrus, em uma consulta realizada em Santiago do Chile no dia 23 de junho pela FAO (Food and Agricultural Organization) alguns dados bastante preocupantes a respeito do avanço do “Greening”.
Estima-se que apenas 35% das plantas do nosso parque citrícola estão sendo manejadas de forma correta e que temos atualmente 1,9% das plantas apresentando sintomas. Caso este número de plantas sob manejo correto da doença não se modifique, pode ocorrer uma perda de 36% da nossa produção em um prazo de 10 anos. Caso os produtores passem a adotar medidas para conter de forma mais eficiente o avanço da doença, passaríamos a uma perda de apenas 2%.
Como em todas estimativas tendem nunca a ser concretizadas pelos extremos, podemos admitir uma perda de 20% como sendo mais plausível. O curioso é que 35% da nossa citricultura é um número bem próximo ao que julgava já estar sob o controle das indústrias de suco, entre áreas próprias e arrendadas. Se a origem deste número for mesmo esta, então as perdas serão ainda menos significativas. A maior parte dos citricultores assistidos está conseguindo conter o avanço desta doença, e conheço um número muito grande de outros clientes de outras consultorias e alguns não assistidos que também estão obtendo sucesso no controle do avanço do “Greening”.
Afirmaram também que pequenos e médios produtores que estiverem rodeados de propriedades que estejam muito contaminadas não terão chances de conter a doença em seus pomares mesmo seguindo todas as orientações em relação ao controle do vetor e erradicação de plantas sintomáticas. Somente em propriedades com 100.000 plantas ou mais é que terão maiores condições de estabilizar em um nível de erradicação de plantas sintomáticas ao redor de 2% ao ano. Uma estimativa extremamente perigosa e preconceituosa. Convivo diariamente com estes produtores com propriedades com menos de 100.000 plantas e vejo que muitos deles estão em condições significativamente melhores que outros com maior quantidade de plantas em seu pomar. O grande diferencial está justamente na capacidade para entender e tomar decisões acertadas e não no tamanho da propriedade e si.
Existe uma conta que cansei de fazer para diversos clientes meus que desmentem esta tese. Vamos imaginar um psilídeo contaminado sendo levado por uma corrente de vento de 20 km/h. A cada 10 minutos este inseto percorrerá uma distância de 3,4 km. Atravessaria uma fazenda com mais de 1.000 ha, caso se considere uma fazenda com 3 km de largura e 3 km de comprimento. Desta forma se esta fazenda tiver um visinho com um pomar altamente infectado, poderão aparecer focos em qualquer parte. Basta estar na direção dos ventos da região. Considerando plantios com aproximadamente 450 plantas/ha, estaríamos falando de fazendas com aproximadamente 360.000 plantas.
Muito mais do que o tamanho da propriedade, o isolamento é que tem sido uma das características mais valiosas para convivência e controle do “Greening”. É óbvio que quanto mais próximo for o talhão da área infectada, maiores serão as chances da ocorrência de infecções. Vale lembrar que dentre as técnicas de manejo, caso o produtor adote uma medida de plantar variedades com menor sensibilidade ao “Greening”, esta configuração pode ser mudada de forma bastante significativa.