Enquanto isto na ilha da fantasia:
Perguntaram esta semana se acreditaria em mudanças nas relações produtores e indústrias de suco e a resposta foi sim. Estas indústrias estão na maior parte nas mãos de empresas familiares, sujeitas a problemas de ordem administrativos graves advindos da troca do comando das operações que deverão ser assumidos por familiares nem sempre tão dispostos a trabalhar ou de competência duvidosa. A empresa acaba sendo assumida por alguém da família sem que tenha passado necessariamente por algum tipo de seleção senão a genética ou da escolha de algum familiar regida por empatia (casamentos).
A tendência com o passar das gerações é de que passem a serem administrados por profissionais competentes e mais treinados, uma vez que a administração familiar tende a ser insustentável em longo prazo, a não ser que de forma mais afastada de cargos executivos. É isto ou a falência na certa.
Administradores profissionais tendem a ser mais razoáveis e ter visão mais precisa e menos distorcida em relação ao segmento em que operam. Costumam ter visão de longo prazo e mais cautelosa em relação a decisões que impliquem em mudanças muito radicais como a verticalização que observamos atualmente na citricultura. Sabem que o controle da produção pode ser obtido apenas com uma boa política de compras, com contratos seletivos e de longo prazo, sem a necessidade de se aventurarem na produção da própria matéria prima. Compra-se pelo preço justo, baseado em cotações na bolsa, por exemplo, o que é necessário para o cumprimento dos contratos. O excedente vai ter que ser colocado em outro lugar. Vejamos o caso da cana-de-açúcar. Se algum produtor quiser aumentar muito sua área cultivada sem consultar as empresas da região que poderiam aceitar sua produção para processamento, corre-se o risco de simplesmente não conseguir colher.
Alguém que controla entre 70% a 80% de tudo que se pode comprar, está necessariamente com o controle dos preços da matéria prima nas mãos. Têm consciência que estão com a galinha dos ovos de ouro em seu poder e saberão com usufruir deste fato sem tentar matar esta galinha na tentativa de obter maiores lucros descobrindo seus segredos ao abrir suas entranhas.
O que mais preocupa é como esta transição irá ser feita, e se implicará necessariamente em atitudes mais sensatas em relação à cadeia citrícola. Poderemos passar por um período mais conturbado, com certa confusão advinda de desavenças internas que acredito que irão afetar os fornecedores de matéria prima. Alguns erros podem ser cometidos no que se refere à gestão e venda do suco. Se souberem administrar este momento e transição, as empresas continuarão nas mãos das famílias. Caso contrário somente restará a opção de vender a empresa