Indefinição sobre a safra 2012/2013 (Publicado em 12/06/12)

Indefinição sobre a safra 2012/2013 de laranja continua

 

Anunciado na Semana da Citricultura no dia 31/05, o acordo entre o setor e o governo para uma possível solução para o problema da produção excedente de frutas marcado para o dia 06/06 não surtiu efeitos práticos, sendo agendada nova reunião para o dia 12/06.

A indefinição ainda persiste, mas pelo menos já vazaram na imprensa algumas definições com relação ao caminho que será tomado nas negociações. Marco Antônio Santos, presidente da Câmara Setorial de Citricultura afirmou que esta sendo feita pressão sobre as indústrias para aumentar a quantidade de frutas processadas para esta safra. Também apontou pedir ajuda para a CONAB visando escoar o que não for possível ser processado, sem dar maiores detalhes de como isto poderia ser feito. Também falou o óbvio: negociar um preço justo pela laranja junto às indústrias.

Já por parte das indústrias existem indícios de que haverá efetivamente a moagem de aproximadamente 33 milhões de caixas, passando da estimativa de processamento de 247 milhões de caixas para 280 milhões aproximadamente. Segundo esta mesma fonte o que se pretende por parte das indústrias é “reduzir a eficiência” durante a extração, passando de três fases para apenas uma, o que obviamente aumentará o volume de subprodutos desta extração.

As laranjas precoces continuam por enquanto como o patinho feio desta safra, sem ainda chances de uma solução para o caso. Historicamente as variedades mais precoces ou muito tardias, que conseguem atingir ponto de maturação ou qualidade suficiente para comercialização antes do início da colheita da Hamlin têm obtido preços relativamente mais altos devido à escassez do produto durante um curto período que vai de Janeiro até Maio, dependendo do ano e da época em que ocorreu o pico da florada, fator determinante no que diz respeito à época em que os frutos estarão disponíveis no mercado. Este ano a fruta mais doce para os produtores está amarga e sem gosto e por enquanto não existe perspectiva de solução para o impasse.

 

- Ainda o Carbendazim:

Nega Beru (Ph.D.), diretora do Escritório de Segurança Alimentar (Office of Food Safety), órgão ligado do FDA foi quem recebeu a denuncia proveniente de uma indústria de suco relatando o caso da contaminação do suco concentrado por “níveis baixos” de Cabendazim. Afirmou em carta dirigida ao setor que estes baixos níveis não representam risco a saúde e, por este motivo não há necessidade da retirada do produto por parte das autoridades.

A denuncia partiu da Sra Carol Freysinger, diretora executiva da Associação de Produtores de Suco (Juice Products Association). Foi informada da ocorrência por uma indústria de suco americana que encontrou estes resíduos no suco de seus concorrentes. Acabou por se mostrar uma ação completamente desastrada. Com a informação sobre a possível contaminação, as vendas de suco caíram, junto com as cotações em bolsa.

Gary Mead, editor da Worldcrops.com classificou a questão como uma “grande farsa”. Salientou que o Carbendazim é utilizado de forma legal para o controle especialmente da Pinta preta e que o produto é utilizado no mundo inteiro. A DL50 (dose acima da qual é capaz de matar 50% de uma população de mamíferos) é de 0,5 mg do produto por kg. Logo uma pessoa com 70 kg deveria ingerir 35 mg do produto comercial para se intoxicar de forma grave e daí por diante vir a ter complicações que poderiam resultar em sua morte. Ao redor de 98% do produto ingerido por ratos em experimentos de laboratório são expelidos pela urina num período de 72 horas. Levando-se em consideração uma contaminação aproximada de 40 ppb (partes por bilhão, ou mg/T), seria necessário uma ingestão aproximada de 875 kg de suco concentrado contaminado com aproximadamente 35 ppb de Carbendazim em menos de 72 horas para que houvesse algum risco de contaminação. Ou seja: nem se afogando em suco concentrado uma pessoa teria chances de ingerir uma quantidade tóxica de Carbendazim.

 

- Laranja em risco de extinção na Flórida:

Segundo Peter McClure, membro do Citrus Research and Development Foundation (CRDF), o cultivo de laranja na Flórida apresenta uma curva que levará a extinção da cultura neste estado. Juntos, “Greening” (Huanglongbing (HLB)) e o Cancro cítrico tem provocado a erradicação precoce de pomares de laranja, sendo que em muitos casos pomares com três anos estão praticamente condenados devido especialmente ao HLB.

Afirma que os plantios novos não estão em um nível suficiente para sustentar a citricultura da Flórida, havendo mais erradicações do que plantios. A percepção dos produtores é que o risco está muito grande, o que está provocando uma queda significativa nos investimentos. Caso persista esta tendência, existe o risco de que a quantidade de laranjas em produção não seja mais suficiente para sustentar a presença das indústrias de suco, o que provocaria um colapso de todo o setor.

A CRDF tem feito um esforço para aumentar o número de pesquisas visando uma resposta imediata aos problemas do produtor. Para aqueles que não conhecem, esta é uma fundação sem fins lucrativos criada em 2009 e tem foco no controle e erradicação do HLB no estado.

Enquanto nossos colegas lutam pela preservação de seus laranjais, unindo-se em propostas, comitês e outras entidades, vimos no Brasil uma cisão, um descaso por parte dos principais interessados a respeito do assunto. Temos uma das melhores soluções implantadas no país, com alta aceitação e um histórico muito, mas muito interessante no controle de doenças: O Fundecitrus.

A muito os produtores simplesmente não opinam sobre como este fundo é gerido. O principal interessado, que paga pela existência desta entidade simplesmente não luta para ter acesso às decisões em manter ou não vistorias e erradicação de plantas doentes nos pomares. Não opina em relação às quais seriam as prioridades. Não lutam para obtenção de recursos, isenção de impostos. Simplesmente não fizeram questão de participar da administração.

O resultado disto é o que estamos passando hoje em dia, onde as ações do Fundecitrus minguaram. Não são nem sombra do que se via antes, da participação ativa para controle do Cancro Cítrico, Amarelinho e outras ações. Não temos um levantamento atualizado do parque citrícola divulgado, mesmo sabendo que o Fundecitrus dispõe destas informações.

Para sair da atual crise, só existe uma forma: união e concentração de esforços. Da mesma forma que nos Estados Unidos, não existe citricultura sem produtores de laranja. Pelo menos não por enquanto.

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